Título Original: Two Boys Kissing
Autor: David Levithan
Ano: 2015
Autor: David Levithan
Ano: 2015
Gênero: Jovem Adulto
Editora: Galera Record
Editora: Galera Record
Número de páginas: 224
Nota pessoal: 5/5
“Por
todo o mundo, telas se acendem. Por todo o mundo, palavras são enviadas por
fios. Por todo o mundo, imagens são reduzidas a partículas e, momentos depois,
são remontadas perfeitamente. Por todo o mundo, as pessoas veem esses dois
garotos se beijando e encontram alguma coisa ali.” Pág. 138
David
Levithan ocupa um lugar especial entre meus autores
queridinhos. Desde que li Will e Will, parceria dele com o também incrível John
Green, fico sempre de olhos em seus lançamentos no Brasil. Embora não seja
novidade por aqui, só recentemente consegui conferi Dois Garotos se Beijando. Hoje conto o que achei dessa leitura.
Neil
Kim
tem 15 anos e há um ano namora Peter.
No começo, todos diziam que a relação dos dois não iria durar, mas agora, mesmo
que não dure para sempre, parece que durou o bastante para ser importante. Os
pais de Peter veem em Neil um segundo filho, enquanto os pais de Neil se
mostram confusos e perturbados, mas não opõem obstáculos aos garotos.
Cooper
Riggs tem 17 anos. O mundo aos seus olhos é um lugar
chato e insípido, e a única coisa que lhe dá alguma satisfação são os perfis
falsos que mantém na internet. Online ele pode ser qualquer pessoa, ter 22, 15,
27 anos, depende do que seu interlocutor preferir. Até seu pai descobrir suas
atividades na rede. Quando isso acontece, um abismo se abre. Um abismo do qual
Cooper talvez não seja capaz de escapar.
Ryan
tem cabelos azuis espetados, enquanto Avery
ostenta fios rosa que caem delicadamente sobre seu rosto. Eles são de cidades
diferentes e nunca se viram, mas quando finalmente se encontram, é como se
houvesse magia sendo conjurada. Embora o início seja perfeito, Avery se
pergunta qual será a reação de Ryan ao descobrir sua história. Será que ele
conseguirá entender como é nascer em um corpo que não foi feito para você?
Aconteceu três meses
antes, mas Tariq não consegue evitar
reviver todo o terror dia após dia. O filme acabou, as ruas estavam desertas e
até seu pai chegar para leva-lo de volta, ele resolveu olhar algumas vitrines.
Os gritos vieram inesperadamente, ele sequer podia imaginar que fossem
dirigidos a ele. Quando finalmente entendeu o que estava acontecendo, já estava
acontecendo rápido demais. Foram muitas variações de viado, socos e chutes. E de repente tudo acabou. A cicatrização foi
lenta, mas Tariq sabia. Uma pequena parte sua nunca iria sarar
Craig
Cole
e Harry Ramirez ficaram juntos por
um ano. Com o fim do namoro, eles se tornaram grandes amigos. Harry tem o apoio
dos pais, enquanto os de Craig nem desconfiam de sua sexualidade. O que
aconteceu com Tariq mexeu com eles e algo precisa ser feito. As pessoas
precisam enxergá-los, precisam aceitá-los. Para isso, cercados de câmeras e em
frente ao pátio da escola, eles decidem se beijar até bater o recorde de beijo
mais longo já registrado, pouco mais que 32 horas.
São
mais que dois garotos se beijando... Enfrentamentos, transformações,
descobertas, aceitação. Enquanto passam por tudo isso, eles são assistidos por
uma geração passada. Uma geração que não teve as mesmas oportunidades, que
sentiu na pele a dor da rejeição. Uma geração incompreendida, que foi deixada
para sucumbir á uma nova doença. Por serem de uma classe
desprezada, por serem a minoria.
*
* *
Incrível
como em pouco mais de 200 páginas David Levithan consegue passar mensagens tão
importantes. Esse é um daqueles livros que você lê com o coração aquecido, ama
os personagens, se apega, torce e sofre por eles. Ri e chora. Gasta um bloco
inteiro de post-it marcando suas passagens favoritas, até que desiste. Afinal,
o livro inteiro é lindo, perfeito!
Não
é apenas sobre o beijo de Harry e Craig. Embora a história toda gire em torno
desse acontecimento, tudo vai muito além disso. Neil e Peter são lindos juntos,
as escolhas de Cooper me deixaram angustiado. Dava vontade de gritar, implorar,
tentar alertar que prosseguir naquela direção não daria em boa coisa. Ryan e
Avery vivem seus primeiros momentos juntos, onde tudo é novo e belo. E em meio
a isso, a incerteza no futuro. Tariq com sua alma despedaçada. Depois de ser
agredido, fisicamente e moralmente, ele ergue a cabeça, junta toda sua
dignidade e segue em frente. No entanto, por mais que ele negue, existe aquela
ruptura. Aquela parte sua que sempre retorna para a agressão. Existe sempre a
indagação: “O que eu fiz? Como me descobriram? Por que tanto ódio?”.
E
tudo narrado por uma geração passada. Eles viveram tudo aquilo. Muitos
trilharam esses mesmos caminhos. Cometeram esses mesmos erros e acertos. Uma
geração que presenciou amigos sucumbirem a uma doença pouco conhecida, e que
por afetar primeiro uma classe pouco privilegiada, não teve a menor atenção das
autoridades. Eles assistem as escolhas desses garotos entre maravilhados e
apreensivos. Comparam seu tempo com o deles. Ainda existem obstáculos,
preconceito, incompreensão. Mas acima de tudo existe esperança.
Desculpem.
Talvez a resenha tenha ficado um tanto arbitrária, mas não poderia ser
diferente. Durante toda leitura rolou uma baita identificação. Amei os
personagens, o enredo, a narrativa. Sinceramente, não tenho críticas a fazer.
Tornou-se fácil um de meus livros preferidos da vida.
Infelizmente,
por ter como tema a homossexualidade, talvez não agrade a todos os leitores.
Mas deixo aqui um apelo: Leiam! E façam isso com o coração aberto. O livro traz
uma mensagem linda sobre aceitação, empatia, amor e esperança.
Li outra resenha desse livro que também era só elogios, Jeferson. Parece realmente um livro incrível, quero ler. Na verdade ainda preciso ler algum livro, qualquer um, do Levithan, pois até agora só li um conto. E concordo com você, todos deveriam ler esse livro pois todos lutam contra algum tipo de preconceito mas não conseguiremos igualdade se mantivermos outros. Ótima resenha.
ResponderExcluirBeijos!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/
Ei Gabi,
ExcluirNossa, você precisa ler algo do Levithan, ele é simplesmente incrível. E esse é tão sensível, tão lindo. Enfim, obrigado pela visita.
Abraços!