Título Original: The Wise Man’s Fear
Trilogia: A Crônica do Matador do Rei
Autor: Patrick Rothfuss
Ano: 2011
Autor: Patrick Rothfuss
Ano: 2011
Gênero: Fantasia
Editora: Arqueiro
Número de páginas: 960
Nota pessoal: 5/5
Editora: Arqueiro
Número de páginas: 960
Nota pessoal: 5/5
“-
Tome cuidado com o que fizer por lá – disse, com expressão ansiosa. – Lembre-se
de que há três coisas que todo sábio teme: o mar na tormenta, uma noite sem
luar e a ira de um homem gentil.” Pág.
361
E com essas três coisas
Kvothe se deparará ao longo de sua jornada nesse fantástico livro. Agora, se ele
lidará com sabedoria diante delas é outra questão... Hoje falarei de O Temor do Sábio, segundo dia d’A Crônica do Matador do Rei de Patrick Rothfuss.
Em O Nome do Vento conhecemos Kote, um homem pacato e enigmático que se
esconde sob a fachada de dono da hospedaria Marco do Percurso. Até que chega a
Nalgueres o famoso Cronista Devan Loches. Seu objetivo é descobrir toda a verdade por
trás dos mitos e mistérios que cercam o hospedeiro. Relutante, Kote decide
contar sua história e para isso precisará de três dias. No primeiro descobrimos
a origem de alguns de seus muitos nomes, como foi sua infância como membro de
uma trupe itinerante, o encontro com o Chandriano - um antigo grupo que dizimou
sua família - o isolamento depois disso e os duros anos passados em Tarbean. A
jornada para a Universidade, um local onde ele poderia encontrar respostas e
aprender magia de verdade. Ficamos sabendo também como ele incendiou a cidade
de Trebon e matou uma antiga besta... mas isso foi apenas a fundação, os
alicerces sobre os quais a história será realmente construída.
Kvothe
continua seus estudos na Universidade, mas pagar por seu aprendizado está cada
dia mais difícil. Sua chance de conseguir um mecenas rico que patrocinasse sua
música foi totalmente frustrada pelo seu antagonismo com o nobre Ambrose, e por isso ele tem que se
contentar em tocar na Anker, uma
taberna de segunda, que lhe paga com alguns vinténs, um prato de comida quente
e um quarto estreito no sótão.
No entanto, seu desejo
de conhecimento supera todos os desafios e assim ele trabalha duro para se
manter no Arcano. Passa horas na oficina de Mestre Kilvin moldando projetos que possam lhe render algum
dinheiro, cuida de suas quatro únicas camisas como se sua vida dependesse disso
e quando no fim ainda lhe faltam recursos para pagar a taxa escolar, ele sempre
pode recorrer a Devi, uma agiota
disposta a emprestar dinheiro desde que o interessado não objete em ceder um
pouco de seu sangue como garantia.
Mas quando Kvothe é
convocado a prestar contas perante o tribunal da Lei Férrea sob acusação de
Consórcio com Forças Demoníacas, Uso maldoso de Artes Antinaturais, Agressão
Injustificada e Malfeitoria, sua vida dá uma guinada que ele nunca poderia
prever.
O julgamento é um
processo a início aterrorizante, mas que não tarda a se transformar em algo
tedioso. No fim Kvothe é absolvido, mas a repercussão do caso não lhe será nada
positiva. Acontece que faziam cem anos que um Arcanista não era levado diante
da Lei Férrea e isso não deixou a Universidade nem um pouco satisfeita. Sendo
assim não é surpresa quando ele é educadamente aconselhado a passar um período
afastado de lá, “perseguindo o vento”.
A Universidade fora o
centro da vida de Kvothe por um ano inteiro. Desde a morte dos pais, a única
coisa que ele podia chamar de lar. E tem também Denna, a moça por quem ele nutre sentimentos que não consegue
explicar, e que é escorregadia como água, mas que vez ou outra se deixa
encontrar naqueles arredores.
E com a necessidade de partir, o rapaz fica
completamente á deriva, sem ideia do que fazer consigo mesmo. Mas Threipe, um nobre local e admirador de sua música vem em auxílio. O maer
Alveron, um homem tão rico quanto o Rei de Vint, precisa de um artista para
realizar uma atividade de suma importância, e Kvothe é indicado para a função.
Dessa forma ele viaja mais de mil quilômetros até
Vintas. Logo vira alvo de curiosidade da inescrupulosa corte do maer, o que não
é muito bom, já que o nobre deseja manter o motivo de sua estadia em segredo. Disposto
a gozar da confiança de Alveron, Kvothe irá entrar em um jogo arriscado, que na
melhor das hipóteses poderá salvar a vida do nobre e fazer com que ele caia em
suas graças. Mas se falhar certamente pagará com a sua própria.
Ainda á serviço do maer, Kvothe liderará um grupo de
mercenários em uma missão de extremo perigo. A estrada do rei está sendo
constantemente atacada por bandidos e ele recebe ordens para encontrá-los e puni-los.
Entre os seus liderados está Tempi, um rapaz ademriano que lhe inicia
nos segredos de sua cultura ancestral. Logo depois ele viaja para Admre, onde
irá aprimorar essa arte e aprender o estilo de luta dos mercenários vermelhos.
Em seu caminho também está Feluriana. Uma
criatura antiga a qual nenhum homem nunca foi capaz de resistir ou sobreviver.
Com ela Kvothe aprenderá uma forma magia com a qual apenas sonhara. Mas como
fará para sair desse encontro vivo e em posse da própria sanidade?
E enquanto realiza
todos esses feitos, em momento nenhum ele perde a oportunidade de cavar
informação sobre o Chandriano e seu principal rival, a ordem dos Amyr. Mas no
fim descobrirá como a vida pode ficar complicada para alguém que se converte em
mito de sua própria época.
“- Não era inútil – protestei. – São as perguntas que não sabemos
responder que mais nos ensinam. Elas nos ensinam a pensar. Se você dá uma
resposta a um homem, tudo o que ele ganha é um fato qualquer. Mas, se você lhe
der uma pergunta, ele procurará suas próprias respostas.” Pág. 545
*
* *
Ufa! Desculpem a
sinopse imensa, mas é difícil resumir os acontecimentos desse segundo volume
sem se estender. E não se preocupem, não existe nada lá em cima que não tenha sido
revelado também na oficial ou antecipado em algum momento pelo próprio narrador.
Na verdade, um dos pontos fortes desse livro não é propriamente o que vai acontecer,
mas como determinado fato ocorreu, já que muitas das histórias que se conta
sobre o Kvothe são repletas de floreios dramáticos, muitos alimentados por ele próprio.
E gente, que livrão! E
isso pode se aplicar tanto ao tamanho quanto a qualidade. São mais de 900
páginas de tensão, aventuras, magia, mistério, perguntas sem resposta e alguns
poucos momentos de alívio. Não consegui desgrudar da história e sempre que tinha
uma brecha voltava a ela. E mais uma vez me vi lamentando haver coisas banais
como comer, dormir, trabalhar...
Foi incrível acompanhar
o Kvothe na continuação de suas aventuras. Esse é um dos personagens que já reivindiquei
como meu. O rapaz está mais maduro e parece ter um controle maior das coisas
que o cerca, mas ainda assim passa muitos perrengues. Sua situação financeira é
de dar pena, a ponto dele lamentar mais estragar uma de suas camisas do que um
corte profundo. A cada novo período letivo na Universidade sua tensão apenas
aumenta, afinal seus feitos nem sempre são vistos com bons olhos e isso faz com
que sua taxa escolar apenas suba. A eterna rixa com o esnobe Ambrose apenas
agrava tudo, rendendo muita dor de cabeça a Kvothe por uma boa parte do terço
inicial da narrativa. Mas o rapaz é orgulhoso, mal criado e de uma língua afiadíssima.
E quando quer realmente algo, faz tudo a seu alcance para conquistar, o que nos
garantes muitos bons momentos.
O fato de boa parte do
livro ser narrado em primeira pessoa não dá muita margem para o aprofundamento
nos demais personagens, mas ainda assim muitos deles conseguem sua dose de
destaque. Simon e Will são os grande amigos de Kvothe, e mais tarde juntam-se
ao grupo a bela Feila e a inteligentíssima Moula. Devi impressiona com suas
habilidades e seu passado gera muitas perguntas. E por falar em passado
misterioso, que tal não seria a Auri? Uma ex-aluna arredia que vive nos subterrâneos
da Universidade e que parece ter um passado digno de nota, tanto que um livro
sobre ela está para ser lançado. A moça conseguiu conquistar meu coração com
seu jeito de desamparo e uma das partes mais tristes para mim é quando Kvothe
precisa se despedir dela antes de sua viagem a Vintas. Foi de partir o coração.
Tem Elodin, o Mestre Nomeador e sua forma peculiar de ensinar. Além de muitos
outros. Se fosse realmente para citar todos, esse parágrafo ficaria imenso.
A narrativa do autor
continua incrível. Rothfuss é tão foda que consegue narrar com perfeição o
efeito que a música de Kvothe tem sobre as pessoas, ou até mesmo o momento
exato em que alguém se apaixona. Algumas passagens me deixaram tão tenso que
tive que correr algumas páginas a frente para descobrir como determinado
acontecimento se desenrolaria. Em outra, quando o grupo liderado por Kvothe
persegue os ladrões de estrada por dias sem encontrar o mínimo sinal deles
ficamos tão frustrados quando os mercenários estavam naquele momento. Os
capítulos passados no reino dos Encantados são de uma sutileza incrível. E
muitas perguntas são lançadas... o que me fez terminar esse volume ávido pelo
encerramento da trilogia.
E se me permitem uma
pequena especulação, não acredito que essa saga terminará realmente no terceiro
dia. Lembre-se que Kvothe prometeu contar a verdade por trás do mito nesse
período, mas acontece que existe muita coisa acontecendo no presente e algumas
passagens me levam a crer que a principal ambição do protagonista ainda não foi
alcançada. Somando tudo e mais algumas coisinhas que não contarei para evitar
spoilers, cogito que ele encerre no terceiro volume as memórias do Kvothe, mas
se volte para a situação atual dos Quatro Cantos em mais um ou alguns volumes.
Enfim, são apenas meras suposições.
Tenho apenas duas
ressalvas a fazer. Algumas passagens são um tanto arrastadas, a exemplo do já
citado terço inicial e da caçada aos bandidos na estrada do rei. Isso, no
entanto, é relativamente comum se levarmos em consideração uma obra com 960
páginas. Outra coisa que me desagrada desde o primeiro volume é a relação do
Kvothe com a Denna. Não vejo nenhum atrativo especial na moça e morro de raiva
das imprudências a que ele se permite apenas para agradá-la. Mas esses pontos foram
compensados por desenvolvimentos mais rápidos e surpreendentes como os
perigosos jogos sociais na corte do maer e o confronto com uma falsa trupe de
Ruh, que vinha abusando de duas mocinhas.
Para quem é fã de
fantasia, essa trilogia é indispensável na estante. Uma obra que se destaca
pelo seu caráter inovador e pela narrativa primorosa do autor. E certamente
agradará leitores de todas as idades. Aproveito para deixar aqui meu apelo,
leiam!!!
Primeiro Dia - O Nome do Vento
Segundo Dia - O Temor do Sábio
Terceiro Dia - Doors of Stone (Ainda sem previsão de lançamento.)
Interligados:
* A Música do Silêncio (Lançamento previsto ainda para 2014.)
Oi Jeferson!
ResponderExcluirUua! Que resenha, hein?
Eu já li "O Nome do Vento" e gostei muito da leitura. Ainda não iniciei a leitura d'O Temor do Sábio. Motivo? O primeiro seria o tamanho do livro e a falta de tempo. No entanto, algo me diz que voou gostar ainda mais deste.
Acho a escrita do Rothfuss fantástica também.
Em suma, sua resenha deixou-me animadíssimo para ler logo a sequência. Espero não me decepcionar.
Abraço!
"Palavras ao Vento..."
www.leandro-de-lira.com
Oi Leandro,
ExcluirAh, você tem que ler logo. É show de bola isso aqui. Muito bem escrito e emocionante. Estou ansioso pela livro da Auri em novembro e mais ansioso ainda pelo lançamento do terceiro volume.
Abraços!!!
Já vou começar com um clichê meu que é: "EU PRECISO DESSES LIVROS!" A cada parágrafo a minha sensação de que essa é uma história incrível só aumenta, Jeferson. Tenho que me ajeitar pra ler. Ótima resenha.
ResponderExcluirAbraço!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/
Oi Gabi,
ExcluirNé clichê não. Desse você realmente precisa. É um daqueles imperdíveis.
Abraços!!!
Iae Jeferson.
ResponderExcluirRealmente estou doido para começar a ler essa trilogia gigante kkkk
Mas acho que vou esperar lançar o terceiro livro e ler algumas resenhas para ver se continua bom como os dois primeiros, caso sim ai eu vou começar a ler.
Ótima dica!
www.booksever.blogspot.com
Oi Filipe,
ExcluirEntendo seu receio. A espera por uma continuação ás vezes acaba com nossos nervos e quando o desfecho não é satisfatório, hum, dá vontade de atirar o livro na parede. Mas quando puder leia, pois essa série é show.
Abraços!
Heey!
ResponderExcluirEu li O nome do vento ano passado e me encantei com a história tão rica em detalhes de Kvothe. Eu tenho O temor do sábio aqui na estante desde aquela época, comprei-os juntos. Mas ainda não consegui lê-lo. Um tijolão desses precisa de tempo para ser lido. É um daqueles livros que gostamos de saborear, que não vai ter graça se eu não puder me dedicar a ele. Então estou adiando. Durante as aulas não dá, e nessas férias tinha acumulado tantas leituras por conta das provas das ultimas semanas que já vi que não terei tempo também. Vai ficar pro fim do ano :/
Já esperava uma sinopse longa, afinal essa saga é bem complexa e comuma trama pra lá de intrincada, fica difícil mesmo ser breve. Ah, já tô me preparando pra ter meu coração partido também nessa cena de despedida com a Auri. Ela conseguiu me conquistar logo no primeiro livro, não vejo a hora de ler sua história. Espero que suas especulações se concretizem, porque quanto mais livros desse gênio que é o Rothfuss, melhor! <3
Beijos
http://escolhasliterarias.blogspot.com.br/
Oi Amanda,
ExcluirPois é, esse é realmente um daqueles livros que exigem nossa dedicação exclusiva. Até por que é impossível começar e não mergulhar nessa trama perfeita criado pelo Rothffus. Espero que no final do ano você realmente consiga ler.
Abraços!
EI Jeff
ResponderExcluirSão perfeitos esses livros, amo demais.
Agora meu medo é eu ter que reler quando sair o 3, pq lendo a resenha já vi que não lembrava mais de um monte de coisas rsrsrs. Não que fosse ruim reler, mas arranjar tempo já é outra história. :P
abs
Ei Nanda,
ExcluirRealmente tem muita informação para lembrar. E olha que o autor nem lançou o terceiro lá fora ainda. O que indica que ainda vai demorar e muito. Mas tem paliativo ano que vem com a história da Auri. Estou ansioso.
Abraços!
Olá, como vai?
ResponderExcluirInfelizmente não me interesso pelo livro porque é muito longo.
O tempo que vou levar para lê-lo, leio 4.
Não me julgue, mas não gosto de livros grandes assim.
www.enquantoestavalendo.com
Oi Marcelo,
ExcluirClaro que não julgarei. Boa sorte!
Abraços!
Eu não conhecia esse livro. Parece ser muito bom. Fiquei curiosa com a sua resenha.
ResponderExcluirBjokas
http://livrosemarshmallows.blogspot.com.br/
Jef tive que vir correndo ler suas impressões sobre essa série que, depois de Harry Potter, se tornou uma bíblia em minha vida, reverencio e respeito diariamente e gostaria de poder fazer o mundo inteiro ler.
ResponderExcluirConcordo contigo em gênero, número e grau, Denna e Kvothe NÃO ROLA, eu detesto isso, e tenho certeza de que Patrick sabe o quando nós odiamos a relação dos dois e é o modo de ele ser masoquista com os fiéis leitores kkkkkk.
Não vejo a hora de ter meu exemplar de A Música do Silêncio par dizer adeus ao mundo e me aprofundar na história da minha personagem favorita, que simplesmente desbancou Hermione do meu favoritismo.
Beijocas
Oi Priih,
ResponderExcluirDesculpe o sumiço. É que esses dias tá osso. Mas to voltando aos poucos a esse nosso amado mundo.
Abraços!