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[RESENHA] A LISTA NEGRA - JENNIFER BROWN


Título Original: Hate List
Autor: Jennifer Brown
Ano: 2012
Gênero: Drama
Editora: Gutenberg
Número de páginas:  271
Nota pessoal:  5/5

“A escola ainda não tinha decidido se eu era vilã ou heroína e acho que eu não posso culpa-los. Eu mesma estava tendo dificuldades para resolver isso. Será que eu fui a bandida que criou o plano para matar metade da minha escola ou a mocinha que se sacrificou para acabar com a matança? Em alguns dias eu me sentia as duas. Em outros, não me sentia nem bandida nem mocinha. Era muito complicado.” Pág. 13

Quando comecei esse livro, minhas expectativas estavam nas alturas. Não lembro de ter lido uma única resenha negativa a seu respeito, ao contrário, todas pareciam concordar sobre sua relevância e como o leitor ficaria marcado após concluí-lo. Bem, não era exagero. Confiram o que achei de A Lista Negra de Jennifer Brown.

Valerie Leftman conheceu Nick Levil em seu primeiro ano no Colégio Garvin. Ela logo ficou caída pelo garoto magrelo, de olhos escuros, roupas amarrotadas e grandes demais para seu tamanho, e um ar de “não estou nem aí”. Ambos não se encaixavam, não faziam parte da galera bacana, nem queriam fazer.

Eles conversaram pela primeira vez na aula de álgebra e descobriram coisas em comum. Valerie o apresentou ao seu pequeno grupo. A Stacey, o Duce e o Mason rapidamente acolheram Nick. Mas uma coisa era óbvia, Nick e Valerie se davam muito melhor um com o outro do que com o resto. Assim, eles logo se tornaram inseparáveis.

Não tardou para que estivessem apaixonados. Mas nada os uniu mais do que A Lista Negra. A ideia surgiu em um dia péssimo para Valerie. Tudo que ela queria era devolver o mal para cada um daqueles que estavam estragando sua vida. Então, abriu um caderno vermelho e nele escreveu os nomes dos imbecis de que era vítima. Nick viu e adotou a ideia. Juntos eles começaram a preencher a lista, nome por nome. 

Assim começou a famosa Lista Negra: como uma piada. Uma forma de descarregar a frustração. Valerie nunca imaginou que ela acabaria se transformando no instrumento que destruiria sua vida.   

Foi em 02 de Maio de 2008 que a tragédia aconteceu. Nick andava quieto e sumido nos últimos dias, por isso, quando Valerie soube que ele iria à escola naquela manhã, ficou especialmente feliz. A maioria dos alunos estavam na praça de alimentação, se preparando para assistir á primeira aula quando ele chegou, disparou contra eles e matou seis dos colegas que não gostava. Após atingir Valerie na coxa, Nick apontou a arma contra si mesmo e se suicidou.

Isso destruiu a vida de Valerie. Sem que percebesse ela colaborou com uma chacina. Foi baleada, perdeu uma pessoa que amava. Tudo estava arruinado. Escola, família, amigos. E quando chega a hora de recomeçar, Val não tem forças. Ela ainda não sabe se é vítima ou culpada, vilã ou heroína, e retornar a escola para concluir o ensino médio se mostra uma realidade dura demais. Contudo, de alguma forma ela deve superar o passado e descobrir seu papel nessa história.

“Ás vezes, em um mundo onde os pais se odeiam e a escola é um campo de batalha, era ruim ser eu. O Nick tinha sido minha fuga. A única pessoa que me compreendia. Era bom fazer parte de um “nós”, com os mesmos pensamentos, os mesmos sentimentos, os mesmos problemas. Mas, agora, a outra metade desse “nós” tinha ido embora e, deitada no meu quarto escuro, percebi que não sabia como me tornar eu mesma de novo.”  Pág. 29


* * *

Não é novidade para ninguém que quanto mais se lê, mas exigente o leitor se torna. E ultimamente estou nessa vibe, buscando livros que me proporcionem mais que mero entretenimento, e nesse aspecto A Lista Negra se encaixa perfeitamente.

É de se esperar que um livro que tenha o bullying como temática seja algo pesado, mas ainda assim a densidade dessa narrativa me surpreendeu, principalmente por tratar de algo direcionado a um público mais jovem. E aqui vai meu primeiro alerta: cuidado com o momento em que vocês irão ler essa obra! Após o ocorrido em sua escola, qualquer alegria que possa haver na vida da Valerie é extirpada e a autora passa isso de forma muito palpável. Isso me afetou e me fez ficar desesperançoso, sem conseguir enxergar uma saída. Enfim, é muito triste. 

A princípio achei a Valerie ingênua demais. Entendo que ela viu no Nick um porto seguro, e na Lista Negra, uma válvula de escape. Mas em determinado momento o papo do rapaz se torna muito preocupante. A coisa girava em torno de suicídio, assassinato, drogas e tal.  Aí ele começa a andar com um cara problemático, envolvido com drogas e que espanca constantemente a namorada. E embora ela não goste nada, acredita ser uma fase e que Nick logo se cansaria e seria seu Nick novamente. Como ela estava errada. Mas a verdadeira questão é que Valerie o amava, e tudo mais estava perdido para ela. A escola era uma droga com toda a questão do bullying, os pais outro terror. Ela se deixou levar, mas coitada, não a culpo completamente, ele parecia ser o único a entender todo o tormento que sua vida se tornara.

Somente quem já foi vítima de bullying sabe o quanto passar por isso é terrível. Quem pratica acha normal, mas somente quem sofre sabe o quanto é doloroso. Apelidos, chacotas, xingamentos, esbarrões. Isso machuca, macula. Às vezes muito mais emocionalmente que fisicamente. Acho que não exista uma única vítima desses atos que não deseje que um buraco se abra e engula seu opressor. E por isso me compadeci da Valerie. Mas o pior foi ver que depois de toda a tragédia no colégio, algumas pessoas não mudaram nada. Continuaram na mesma merda.

A autora trabalhou muito bem seu texto. O leitor consegue sentir a confusão da Valerie, seu sofrimento, sua desesperança e seus medos. É muito difícil não se colocar no papel da personagem e pensar: e se fosse comigo? Porque acreditem, é uma situação terrível, mas não impossível de acontecer. Mas não para por aí. Embora a narrativa seja em primeira pessoa, os demais personagens não são deixados a margem. O que Nick fez chocou todo o Colégio Garvin e mudou a vida de todos. E isso é mostrado. Tem os pais que perderam seus filhos, a atleta intimidante que levou um tiro e sobreviveu, mas foi privada de seu maior sonho, a garota bonita que ficou com o rosto desfigurado e não consegue lidar com isso, a popular que foi salva e tenta acertar as coisas... As sequelas são as mais diversas e todos tentam lidar com isso á sua maneira.

E em meio a tudo é difícil apontar quem é responsável ou vítima nessa história. Seriam os pais que não perceberam que havia algo errado acontecendo aos filhos? Ou a garota que escrevia nomes em um caderno para dar vazão as suas frustrações? Ou talvez os atletas e as garotas populares, sempre dispostos a intimidar, apelidar, ferir? Quem é o real responsável? É verdade que o Nick foi quem pegou uma arma e atirou contra seus colegas, matando a si próprio em seguida, mas será que foi ele sozinho quem tomou todas aquelas vidas? Essas perguntas me fizeram pensar muito sobre algumas coisas, mas muitas delas ainda não consigo responder.

Agora, se tem um personagem que me causou repulsa foi o pai da Valerie. Meu Deus, que homem horroroso. Completamente egoísta, em momento algum ele estendeu a mão para a filha. Apenas a viu como um problema, uma mancha em sua imagem perfeita. Tive vontade de esganar o cara. Em compensação, quando a professora de artes Bea surge, finalmente pude aliviar a tensão que me consumia. Uma mulher leve, excêntrica e de grande sabedoria. Um dos poucos momentos de alívio que temos nesse livro é quando Valerie começa a frequentar suas aulas de pintura. Gostei muito da inclusão dela, foi como uma brisa, algo leve em meio a tanta tensão.

Bem, chegou o momento de concluir a resenha e mesmo ela estando imensa, ainda tenho dúvidas se consegui mostrar o quanto esse livro mexeu comigo. Essa não é uma leitura leve ou divertida, mas é um grande alerta, algo que após lido, muda o leitor de alguma forma. Certamente um daqueles livros que em algum momento da vida, todo mundo deveria ler.   

8 comentários:

  1. Tenho uma coisa engraçada com esse livro, Jeferson. Pois mesmo querendo muito ler, sempre me esqueço de procurar por ele quando faço compras. Mas depois dos seus comentários vou prestar mais atenção. Também tendo a ficar muito mexida com histórias envolvendo bullying, é algo terrível. Ótima resenha.

    Abraço!
    http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/

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    1. Oi Gabriela,

      Nossa, que curioso! Mas isso também acontece comigo com alguns livros que quero ler. Mas sim, quando for fazer comprinhas pense nele com mais carinho, essa é uma história que precisa ser lida.

      Abraços!!!

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  2. Oi Jeferson!
    Histórias com bullying são sempre delicadas. Fico imaginando quão horrível deve ser pro adolescente que sofre com esse tipo de agressão.
    Ótima resenha.

    Beijos,
    http://www.epilogosefinais.com/

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    1. Oi Bianca,

      Verdade, bullying é sempre um tema muito pesado, e passar por isso não é nada divertido. Obrigado!

      Abraços!!!

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  3. Sempre leio resenhas que falam maravilhas desse livro, a sua foi uma das que me fazem ter vontade de comprar. Vou escrever na lista e procurar na livraria.

    uminutodeverao.blogspot.com.br

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    1. Oi Larissa,

      É realmente um grande livro. Quando puder leia sim.

      Abraços!!!

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  4. Ei Jeff

    Ah que saudade que me deu dele hahaha, muito bom este livro mesmo. Que ódio mesmo do pai dela e que agonia que o livro me deu.
    P.S: Vc tem que colocar aqui o link do feed pra gente se inscrever e receber o post nos emails.
    bjs

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    1. Ei Nanda,

      Livrão mesmo viu, adorei! Ah, vou instalar o feed de atualizações, vacilo deixar o blog sem, hehehehehe.

      Abraços!!!

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Olá, obrigado pela visita!!!