Título Original: Boy meets Boy
Autor: David Levithan
Ano: 2014
Autor: David Levithan
Ano: 2014
Gênero: Jovem Adulto
Editora: Galera Record
Número de páginas: 240
Nota pessoal: 5/5
Editora: Galera Record
Número de páginas: 240
Nota pessoal: 5/5
“Sinto
vontade de flutuar, porque é simples assim. Ele está feliz que eu o encontrei.
Eu estou feliz que o encontrei. Não temos medo de dizer isso. Estou tão
acostumado com insinuações e mensagens contraditórias, com dizer coisas que
podem significar mais ou menos o que querem dizer. Joguinhos e competições,
papéis e rituais, falar em 12 línguas ao mesmo tempo para que as verdadeiras
palavras não fiquem tão óbvias. Não estou acostumado com a verdade direta e
sincera.” Pág. 36
Meu primeiro contato
com David Levithan aconteceu quando
li Will & Will, parceria dele com o divo John Green. Gostei da narrativa e
dos personagens, por isso decidi que leria seus demais trabalhos. A
oportunidade surgiu quando a Galera
Record publicou Todo Dia, livro que imediatamente fiz questão de comprar,
mas por um motivo que desconheço, permanece em minha estante sem ser lido. Já
com Garoto encontra Garoto o caso
foi outro. Adquiri meu exemplar logo que foi lançado e o devorei em poucos dias.
Hoje conto o que achei de minha segunda experiência com o autor.
Aos cinco anos de idade
Paul já tinha uma boa noção de si
mesmo. Mas foi só quando leu uma anotação no diário de sua classe que algo
clareou em sua mente. A professora havia escrito: PAUL É GAY SEM A MENOR SOMBRA
DE DÚVIDA. Ele não sabia ao certo como isso funcionava, mas quando chegou em
casa logo tratou de contar a novidade aos pais. A princípio eles acharam que
era bobagem de criança, mas não tardaram a perceber que o garoto falava sério. No
fim, para eles pouco importava. Paul era seu filho e nada impediria que o
amassem.
Algum tempo depois ele também
contou a Joni, suma melhor amiga, e
foi com a ajuda dela que se tornou o primeiro representante de turma
abertamente gay na história de sua escola. Aí conheceu Cody, engatou um relacionamento e o rompeu logo em seguida. No
sexto ano, ele, Cody, Joni e uma garota lésbica do quarto ano formaram a
primeira aliança gay-hétero de que se tem notícia. Ao olharem ao redor eles
perceberam que os héteros precisavam de ajuda. Primeiro, estavam usando as
mesmas roupas sempre. Além do mais (e isso era crítico) não conseguiam dançar
nem que fosse questão de vida ou morte.
Paul ajudou a construir
um ambiente escolar onde héteros e gays viviam em harmonia. Um local onde as
líderes de torcida desfilavam a bordo de Harleys e a Rainha do Baile, que por
acaso também é capitão do time de futebol americano, é um cara que foi batizado
como Daryl, mas que prefere ser
chamado de Infinite Darlene.
Mesmo assim Paul tem
sua conta de dramas para lidar. Seu melhor amigo, Tony, se mantém bem protegido no armário devido à intolerância dos
pais. Kyle, seu ex-namorado, parece
acreditar que Paul porta uma doença contagiosa, dada a forma que o evita sempre
que se encontram nos corredores da escola, além de espalhar vários boatos
injustos a seu respeito.
Isso fica em segundo
plano quando ele conhece ele conhece Noah.
Um garoto bonito de cabelos despenteados que parece ter surgido do nada. Eles decidem
se conhecer. Conversam sobre música e descobrem que gostam dos mesmos gêneros.
Conversam sobre filmes e descobrem que gostam do mesmo tipo. Paul flutua de
felicidade. Nada mais importa. Ele está apaixonado.
Até que do nada estraga
tudo. Da forma mais catastrófica possível. As chances de reconquistar Noah são
as mínimas possíveis, mas quando se encontra o cara dos sonhos, não se pode
desistir sem antes lutar. E dessa forma Paul se lança na missão de recuperar o
garoto. No trajeto terá que lidar com pequenos imprevistos.Joni começa a
namorar com Chuck, um babaca completo, e repentinamente se afasta. O conflito entre
Tony e seus pais ultra religiosos e conservadores começa a se agravar. Kyle,
que o evitava a todo custo, parece novamente interessado e por fim, tem a
organização do baile. Paul precisará superar tudo isso, colocar sua vida
novamente nos trilhos e quem sabe no fim reencontrar o garoto.
“Não consigo mais aguentar.
Estou surtando porque sei que cometi um erro com Kyle, e estou surtando porque
não parece ser de todo um erro. Estou surtando porque minha amizade com Joni
está passando por um momento delicado depois de dez anos, e estou surtando
porque ela parece não se importar. Estou surtando porque Noah parece não saber
o que quero dele, e estou surtando porque não sei o que eu poderia dar a ele em
retribuição. Estou surtando porque fui pego no flagra, e não por outra pessoa,
mas por mim mesmo. Eu vejo o que estou fazendo. E não consigo me impedir de
piorar as coisas.” Pág. 132
*
* *
Gostei do estilo do
autor quando li Will & Will, mas aqui ele me conquistou de vez. Sua escrita
é leve, descontraída e despretensiosa. Levithan brinca com clichês e
estereótipos, não se limita a tabus e como resultado diverte, emociona e leva o
leitor a reflexão.
A trama segue um estilo
bem comédia romântica, só que sob a perspectiva de um protagonista gay. Garoto
encontra garoto, garoto perde garoto e por fim garoto tenta reconquistar
garoto. Contudo, o que mais me encantou nesse livro foi que o foco não fica
apenas no romance vivido pelo personagem principal. O autor criou ótimos
personagens secundários e eles ajudam a sustentar e enriquecer o enredo.
Paul é um excelente
protagonista-narrador. Decidido, sem neuras e super entrosado. O tipo de pessoa
que eu não hesitaria em me tornar amigo. Noah é um fofo. A delicadeza e
sensibilidade desse garoto me encantaram. As feridas abertas em seu último
relacionamento ainda o assombra. Por isso ao mesmo que me via torcendo para que
o romance dos dois desse certo, também temia que Paul o magoasse. O que no
decorrer da narrativa parecia inevitável.
Passei raiva com a
Joni. Ela e Paul sempre foram melhores amigos, mas bastou começar a namorar com
um carinha sem nada na cabeça para que a moça perdesse parte da identidade e
deixasse os amigos de lado. E o pior é que coisas assim acontecem. Infinite
Darlene é fantástica. O personagem mais divertido do livro. Imagine uma drag queen
líder do time de futebol da escola e Rainha do Baile. Inimaginável e hilário! Mas
quem realmente conquistou meu coração foi o Tony. Vivendo a sombra de pais
preconceituosos, ele tenta a todo custo evitar um conflito direto. Mas quando a
hora do enfrentamento finalmente chega... Sem dúvidas minha parte preferida em
toda a leitura. Li e reli várias vezes; a forma como Tony conseguiu enxergar
sua situação, como conseguiu levar em consideração até mesmo o ponto de vista
de seus pais. Fiquei impressionado com a maturidade do personagem.
Ele me fez rever meus conceitos
acerca de algumas coisas e me ensinou a analisar melhor a perspectiva alheia.
Me mostrou que em alguns casos o que vemos como intolerância é simplesmente uma
forma distorcida de amor. Um desejo de salvar e recuperar. E que é necessário
paciência para provar que, algumas escolhas, por mais que pareçam erradas sob a
ótica alheia, devem ser mantidas e sustentadas. Em suma ele foi o personagem
que mais pesou em minha avaliação. Dei
cinco estrelas e favoritei no Skoob!
Acho que já devaneei
demais por aqui. É sempre assim. Se gosto do livro não consigo parar de
escrever e o resultado é que a resenha fica imensa! Então, espero que nesse
ponto esteja bem claro o quanto eu amei essa leitura. Mas que uma história de
amor entre dois rapazes, Garoto encontra Garoto fala de tolerância, amizade e
aceitação. Leiam!
Levithan está entre os autores que não li ainda mas pretendo. E se possível a obra completa. Bom saber que o livro te agradou tanto, Jeferson. Que conseguiu dar uma abordagem tão peculiar ao tema. Ótima resenha.
ResponderExcluirAbraço!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/
Oi Gabi,
ExcluirAgradou sim e não vejo a hora de ler mais coisas dele. Quando você puder leia algo sim!!!
Abraços!!!
Sou louca pra conhecer a escrita de David Levithan. Ainda não tenho nada do autor, mas pretendo lê-lo em breve. Gostaria de começar por "Todo Dia". Vamos ver!
ResponderExcluirParabéns pela resenha.
Beijos,
Nina & Suas Letras
Oi Janaína,
ExcluirTambém pretendo ler Todo Dia em breve. Andei lendo por aí que ele é o melhor do autor. Torço para que seja mesmo.
Abraços!
Olá Jeferson, confesso que sou fã de David Levithan desde que li Will & Will, pois é livro que te prende do começo ao fim da leitura (e dei boas risadas com ele). Espero que Garoto encontra Garoto seja tão bom quanto, e pelo que pude ver na sua resenha parece ser ainda melhor. :)
ResponderExcluirP.s. Seu blog é ótimo!
- Marcos
Oi Marcos,
ExcluirO Levithan é realmente ótimo. Também fiquei fã dele após ler Will & Will, mas esse realmente superou minhas expectativas. Mas quando puder o leia. É ótimo.
Abraços!!!
Ei Jeff
ResponderExcluirResenha ficou ótimo, eu quero.
Nem tinha lido ainda sobre ele, mas adorei Will & Will e quero outros do autor. Acho q tenho o Todo dia e não li até hoje rsrs.
bjs
Ei Nanda,
ExcluirObrigado! Também quero tenho Todo Dia aqui na estante, mas depois de ler esse empolguei e logo logo leio ele também.
Abraços!