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[RESENHA] A MENINA QUE BRINCAVA COM FOGO - STIEG LARSSON



Título Original: Flickan Som Lekte Med Elden
Autor: Stieg Larsson
Ano: 2009
Trilogia: Millennium
Gênero: Policial
Editora: Companhia das Letras
Número de páginas:  608
Nota pessoal:  5/5

Ela esperava.
Sonhava com um galão de gasolina e um fósforo. Ela o via, encharcado de gasolina. Podia sentir fisicamente a caixa de fósforos na sua mão. Chacoalhava a caixa de fósforos, que fazia um barulhinho. Ela a abria e escolhia um fósforo. Ouvia-o dizer alguma coisa, mas tapava os ouvidos e não escutava as palavras. Via a expressão no rosto dele enquanto riscava o fósforo. Escutava o roçar do enxofre no riscador. Parecia um trovão demorado. Via a ponta do fósforo se inflamar.
Esboçou um sorriso totalmente desprovido de alegria e se endureceu.
Aquela era a noite de seus treze anos.” Pág. 10

Engraçado como os livros que mais mexem conosco são aqueles dos quais mais sentimos dificuldade em falar. Sério! Acabei de devorar pela segunda vez o volume dois da Trilogia Millennium do Stieg Larsson e mesmo tendo amado, estou há horas em frente ao computador, sem saber por onde começar a falar dele. A Menina Que Brincava com Fogo é top, é perfeito, é de tirar o fôlego! Vamos combinar uma coisa: multipliquem os elogios que irão tomar todo esse texto por 1000 e talvez assim vocês possam ter uma noção do quanto essa obra é incrível. Conselho dado, vamos à resenha. 


Em Os Homens que Não Amavam as Mulheres nos deparamos com o jornalista Mikael Blomkvist em sua pior forma. Acontece que ele caiu em uma cilada e publicou um artigo sem bases sólidas, acusando um poderoso empresário de crimes econômicos. Encarando uma crise profissional, Mikael é obrigado a se afastar da redação de sua revista, a Millennium, até o pior passar. É nesse contexto que surge Henrik Vanger. Atormentado pelo desaparecimento da sobrinha quarenta anos atrás, o velho financista está disposto a apostar seu último recurso e oferece a Blomkvist um salário dispendioso e provas que poderão tirá-lo da lama, em troca ele deverá se mudar para sua propriedade e solucionar o sumiço de Harriet Vanger. Sem alternativa melhor, Mikael aceita, mas para desvendar o mistério proposto contará com a ajuda de Lisbeth Salander, uma garota nada ortodoxa, mas com um talento ímpar para fuçar segredos sórdidos. O problema é que revirar um passado há muito enterrado pode ser mais perigoso do que eles imaginavam...

A partir daqui pode conter Spoilers para quem não leu o primeiro livro da trilogia.

Quase dois anos se passaram desde os dramáticos eventos ocorridos em Hedestad e do desfecho do caso Wenneström.  Lisbeth Salander, alguns bilhões mais rica, decide se afastar da Suécia durante algum tempo. Sem que perceba, a moça se vê apaixonada pelo jornalista Mikael Blomkvist e antes que seja magoada, foge e o ignora totalmente. Dotada de uma magnífica memória fotográfica, talentos inimagináveis na área da informática e uma moral para lá de torta, tudo que ela deseja agora é administrar sua fortuna recém adquirida, usufruir de coisas das quais nunca teve acesso e construir uma existência organizada.

Enquanto isso, Mikael Blomkvist tenta de todas as formas encontrá-la. Preocupa-se com Salander e não entende o que fez para que a moça o ignore daquela forma. Agora, transformado subitamente em celebridade depois da virada no caso Wenneström, Mikael goza do prestígio do seu livro-denuncia e do status que a Revista Millennium adquiriu depois de todo o ocorrido.

O sucesso da revista chama a atenção de Dag Svensson. Há alguns anos o jovem jornalista vem trabalhando em algo que pode se tornar um novo furo jornalístico. Algo tão polemico quanto as fraudes cometidas pelo derrotado Wenneström. Ao lado da esposa, Mia Bergman, Svensson vinha pesquisando a fundo a prostituição e o tráfico de mulheres na Suécia. Agora, munidos de todas as provas necessárias, ele encontra na Millennium a uma aliada perfeita para denunciar toda uma rede criminosa que estende suas raízes pelo alto escalão sueco.

Mais tudo rui quando três assassinatos são cometidos e todas as provas apontam para Lisbeth Salander. A moça é esquiva, reage com extrema violência ao ser confrontada, além de ser dotada de uma moral às vezes questionável. Mikael não duvida que Lisbeth tenha coragem para matar, contudo não consegue imaginá-la eliminando as vitimas em questão. Além disso, há apenas dois anos ela salvara sua vida. Lisbeth está desaparecida, a polícia segue em seu encalço e ele teme que cheguem à moça. Por isso decide iniciar sua própria investigação e provar sua inocência.

Ao mesmo tempo, Lisbeth vê o passado pelo qual tanto lutara para esconder ser escancarado ao mundo. A mídia a pinta como uma lésbica satânica e assassina. A cada novo dia, mais nomes são acrescentados a sua lista para um futuro ajuste de contas. E, apesar de tudo o que planejara, pedras e mais pedras começam a surgir na existência anônima e organizada que ela conquistara. Contudo, uma coisa é certa, o passado bate a sua porta, e cedo ou tarde, Lisbeth Salander precisará acertar contas com ele.

*  *  *

O começo desse livro é inusitado. Lisbeth está no exterior, tentando decidir o que fará de sua vida no futuro, nesse meio tempo ela se distrai tentando desvendar enigmas matemáticos. Até que a rotina de um casal hospedado no mesmo hotel que ela faz seus sentidos dispararem. O inusitado disso é que essa primeira história é quase um conto dentro da trama principal, já que não interferirá ao longo do livro, servindo apenas para reforçar fortemente a posição da Lisbeth em relação aos homens que não amam as mulheres. Enquanto isso, na Suécia, o enredo que vai dominar o segundo livro vai sendo traçado, bem ao estilo do autor, aos poucos e sem pressa. Acho que essa é umas das características chave para o sucesso da obra do Larsson, primeiro as peças são postas no jogo, para depois serem entrelaçadas. A princípio a trama demora um pouco para engrenar, mas nesse meio tempo o leitor é ambientado no contexto e quando a coisa esquenta, se prepara, que é de cair o queixo.

Além do enredo, o autor se destaca também na criação de seus personagens. Incríveis! O que falar de minha amada Lisbeth Salander? Se pudesse daria um imenso abraço nela, ou talvez não, já que os riscos de levar uma boa mordida, seguida de um pontapé no saco são imensos. Essa mulher é nada menos que foda. No primeiro livro nos acostumamos ao seu estilo peculiar, sua memória inumana e seus talentos extraordinários na área da informática. Mas aqui o autor aprofunda sua história e toda a trama é intrinsicamente ligada ao seu passado. Foi muito bom saber mais sobre ela, aumentou bastante minha empatia pela personagem e me fez torcer a todo momento, principalmente naqueles que a via cercada por brutamontes com más intenções. O Blomkvist também não fica por baixo. Sua lealdade para com a Salander, mesmo ela não querendo saber dele, foi tocante. A determinação do cara também é algo a se notar, quando quer uma coisa Mikael corre atrás, entrevista, fuça, investiga. Para ele não há limites quando se trata de descobrir o assassino de seus amigos e inocentar Lisbeth. Sobre os personagens secundários, não falarei isoladamente, já que existem muitos, mas há de se notar que eles não ficam a margem, muito ao contrário, todos são bem trabalhados e sempre acabam contribuindo para o rumo da narrativa.

Outra marca do autor é a crítica sempre presente em seus textos. Aqui o mote é o mercado do sexo, mas precisamente a exploração sexual de mulheres trazidas de países bálticos para a Suécia. O assunto é amplamente explorado, desde a origem dessas meninas, indo por seus exploradores e terminando nas pessoas que alimentam esse mercado. Quem são os consumidores? Ninguém menos que jornalistas, policiais, políticos, juízes...

“A vantagem das putas é que elas não representavam praticamente nenhum risco jurídico. Todo mundo gosta de puta – o procurador, o juiz, os tiras e um parlamentar aqui e ali. Ninguém ia ficar cavoucando para por um fim a essa atividade.” Pág. 183

A parte investigativa não deixa a desejar. Na verdade, quatro investigações acontecem em paralelo. A polícia tem quase certeza que a autora dos assassinatos é a Lisbeth. Mikael duvida e decide provar a inocência da moça, enquanto Armanskij, seu antigo empregador, fica em dúvida e decide colaborar com sua captura para então decidir em qual lado se situar. Lisbeth, por sua vez, assiste perplexa sua vida ser exposta e começa a mexer seus pauzinhos, afinal tem muita gente com quem ela precisará acertar contas. São muitas perspectivas, deixando o livro rico e amplo.

Enfim, espero ter conseguido dá uma ideia da grandeza disso aqui. Claro que esse é um daqueles livros que exigirá mais do leitor, levará mais tempo para ser lido e tals, mas acreditem, é uma leitura que vale muito a pena. Fica a dica! 
 

Trilogia Millennium:

Livro 01 - Os Homens que não Amavam as Mulheres
Livro 02 - A Menina que Brincava com Fogo
Livro 03 - A Rainha do Castelo de Ar

http://www.trilogiamillennium.com.br/

6 comentários:

  1. Olá :) Tudo bem?

    Indiquei seu blog em uma tag bem legal:
    http://talvezgeek.blogspot.com.br/2015/01/liebster-award-2015-tag.html

    Espero que se divirta! Beijos :*

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    1. Oi Gabriela,

      Vou dar uma olha na tag, obrigado pela indicação!

      Abraços!!!

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  2. EI Jeff

    Seu slide está tãoooo lindo! :)
    Amo essa trilogia, adoro ler resenhas sobre ela. Vc viu a notícia que um outro autor vai continuar a série do Stieg? Quero só ver no que isso vai dar rsrs.

    abs

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    1. Ei Nanda,

      Ah, obrigado! Curti muito esse slide também. E tem até um Dragão, hehehehe!

      Vi essa notícia e embora tenha um pouco de receio, fiquei muito feliz por saber que teremos coisa nova da Lisbeth por aí. Vamos ver no que isso dará.

      Abraços!!!

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  3. Entendo bem o que quer dizer, Jeferson. Quando gostamos muito de algo fica difícil colocar os pensamentos em ordem e passá-los para a tela. Parece que nenhuma descrição é exata. E só por você ter mencionado isso já fiquei com vontade ler. Somando os comentários sobre a trama só aumentaram minha curiosidade pela trilogia. Ótima resenha.

    Abraço!
    http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/

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    1. Ei Gabi,

      Fico muito feliz que a resenha tenha despertado seu interesse. Essa trilogia é imperdível, quando puder leia sim.

      Abraços!!!

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Olá, obrigado pela visita!!!